Foto by Lu (@lidosdalu)
Ler sempre me encantou. Estar diante de uma história é algo fascinante. Sempre tive o costume de escolher livros no mesmo estilo, ler sempre os mesmo autores e permanecer na zona de conforto. Desde que criei o Lidos da Lu, passei a conhecer novos livros, pessoas e a me apaixonar por novos autores. Por meio deste espaço acabei entrando em vários grupos de leitura e sou muito grata por isso. Hoje, venho apresentar uma indicação belíssima que só a experiência de participar de um clube de leitura pode dar. Em setembro de 2020 o @clubeleituradequinta leu ‘Cachorro Velho’, da escritora cubana Teresa Cárdenas.
A história de Cachorro Velho é pequena e triste. Não há alegrias na vida deste homem idoso que não tem sequer o direito de ser chamado pelo nome. Sua vida inteira foi vivida sob as rédeas de patrões brancos que, mediante o sistema escravista, sugaram suas forças até a exaustão. Cachorro Velho define a ele e os outros negros como peças. E era assim mesmo que eram vistos. Apenas corpos designados para o trabalho pesado, sem direito a descanso nem ao mínimo de humanidade.
Acompanhamos a vida do escravo por meio de seus pensamentos, devaneios, sonhos e pelas memórias da infância contadas a ele por uma outra escrava. Cachorro Velho acredita que não pode amar devido a seu embrutecimento enquanto pessoa sem humanidade. Seus sentimentos são tão reprimidos que ele não compreende o que acontece quando um deles o invade. Temos aí uma passagem de sacrifício que mesmo sendo extremamente triste, é absolutamente linda.
Apesar de ser um livro infanto-juvenil, a brutalidade da vida dos escravos é retratada na versão ‘sem cortes’. Pessoalmente fiquei muito tocada com a história e por sua representação. A escravidão é algo que machuca a memória do povo negro, porém deve ser conversado e explicado para que todos conheçam seu funcionamento e compreendam como isso afeta a todos nós. Acredito que a vida de Cachorro Velho vai emocionar a muitos, por isso super indico a leitura.
SINOPSE: Por toda a vida, Cachorro Velho foi escravo no engenho de açúcar do patrão. Seu corpo está velho e cansado, sua mente se perde frequentemente em recordações. Às vezes ele até imagina a própria morte, ou pelo menos o que significa estar longe, muito longe. Então, a velha escrava Beira lhe propõe ajudar Aísa, uma menina de dez anos, a fugir. Escrito por uma descendente de escravos, Cachorro Velho é um retrato duro e comovente da desumanidade da escravidão. \”O velho não temia o Inferno: tinha vivido nele desde sempre.\” A escravidão foi abolida em Cuba em 1886, mas, como em tantos outros lugares, sua nódoa se manifesta no preconceito racial e na discriminação. Ganhador do Casa de las Américas, a mais alta honra literária de Cuba e um dos prêmios mais importantes do mundo de fala hispânica, este livro abalará profundamente os seus leitores.