O Jongo, conhecido também como caxambu ou tambu, é uma manifestação cultural afro-brasileira, característica de comunidades negras das zonas rurais do Sudeste brasileiro. Sendo um gênero poético-musical, esta forma de expressão integra canto, dança e sons de tambores e é considerado um ancestral básico do samba brasileiro.
Originou-se nas fazendas de café por volta do século XIX, no vale do Paraíba, estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, onde os escravos realizavam danças típicas, genericamente chamadas de sambas de umbigada. Danças estas que compõe o rico repertório cultural afro-brasileiro. Entre os elementos que compõe o jongo estão a presença dos tambores, que são afinados com o calor da fogueira, os dançarinos que de forma característica, dançam encostando o ventre. E o estilo vocal que é feito por frases curtas cantadas por uma só pessoa e repetida pelo coro, a linguagem dos versos é metafórica, desta forma cada um deles possui um significado a ser “desatado”, como jongueiros mesmo falam.
O termo jongo pode se referir tanto à dança quanto às cantigas, estas também chamadas de pontos, e freqüentemente apresentam palavras de origem bantu. A linguagem metafórica, juntamente com palavras de origem africana tornava a compreensão dos versos mais árdua para os não-escravos, e tornava-se um meio de protestar, e exprimir qualquer sentimento de resistência sem que fossem censurados. Os jongos são formados por versos curtos, e são jogados por uma pessoa e respondido pelo coro, até que alguém bata sobre os tambores e grite “cachoeira!” ou “machado!”, para que um novo ponto seja iniciado. Os pontos podem cumprir diferentes funções, há pontos para saudar pessoas ou entidades espirituais (pontos de louvação), para desafiar outro jongueiro por meio de uma adivinha que deve ser “desatada” (pontos de demanda), para animar a dança (pontos de bizarria ou visaria), ou para encerrar o jongo (de despedida). Os pontos são codificados com uma linguagem poética metafórica, que por vezes, sem o auxílio de alguém capaz de “desatar o nó do ponto”, seu significado torna-se obscuro para nós. No livro de Stanley J. Stein, Vassouras, o autor conseguiu com ajuda de seus informantes, decodificar algumas cantigas. Um exemplo de jongo gravado e transcrito por Stein, que demonstra o deboche dirigido aos senhores é “Com tanto pau no mato/ Embaúba é coronel”. Embaúba tratava-se de uma árvore inútil, pois possuía uma madeira muito mole, e o senhor geralmente era “coronel” na Guarda Nacional, dessa forma satírica os escravos produziam criticas sobre o caráter do senhor, sobre a vida cotidiana e sobre a abolição da escravatura.
O jongo, apesar do seu caráter improvisado, possui características que mantém uma base estilística, preservando uma tradição coletiva. Desta forma alguns pontos se mantém preservados na memória e no tempo. Em novembro de 2005, o Jongo do Sudeste foi proclamado Patrimônio Cultural Brasileiro, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
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