O Congado é um culto aos ancestrais de hierarquia superior, realizado por nações diversas, possuidoras de antepassados comuns e que através de danças, de percussões afrícanizadas, de cantorias antes venerativas somente ao Rei Congo e depois cristianizadas por influências jesuíticas, mimetizou-se ou paralelizou-se dentro da fé popular brasileira.
Alguns conceitos importantes sobre o Congado
Hierarquia Superior – o sagrado respeito aos mortos para não decepar o cordão umbilical que os liga espiritualmente à vida por toda a eternidade. Culto aos Reis Rainhas e Anciãos; assim os congadeiros reverenciam com seus ritmos alegres, todos os ancestrais.
Nações Diversas – cada guarda é considerada uma nação distinta, ainda que possuindo as mesmas características de dança, de cantoria, de instrumentos e de indumentárias. Em Uberlândia há seis nações de Congos; quatro nações de Moçambiques; duas nações de Marinheiros; uma nação de Marujos e três nações de Catupés.
Religiosidade Afro – as primeiras cantorias possuíam uma linguagem às vezes incompreensível, pertencente aos cultos realizados nas tendas ou terreiros de candomblé.
Danças e Percussões africanizadas – além do culto, várias danças rememoravam nascimento de crianças nas aldeias ou palácios, a chegada das chuvas, as grandes colheitas, a saudação da primavera, o coroamento de um novo Zambi ou Soba (grande senhor) e o reconhecimento do Rei que chegando ao Brasil é recebido pelos escravos através de bailados reais, comemorativos e guerreiros; usando cantigas com dialetos próprios, providenciando fartas feijoadas para toda a corte do Rei Congo transformado em Rei Perpétuo.
As danças ainda dramatizam a histórica luta deflagrada pela nação Conga do Rei Cariongo e Príncipe Suena contra a Rainha Ginga Nbandi de Angola. Ginga do Reino Matamba. Segundo fontes do Reinado do Rosário em Itapecerica, a nação do Congo declara guerra contra a nação dos Moçambiques comandados por Ginga Nbandi.
Mimetismo – para xinguilar – invocar os espíritos – o quimbanda ou feiticeiro, executava sua Kú – bungula – dança dos curandeiros – usando chocalhos de cascavel presos aos pulsos e pernas, aos sons do ngoma – tambor – e do dicanza – grande reco-reco de madeira.
No Brasil, o carimbamba – benzedor – mimetizava-se no principal dançador de Moçambique ou ia à frente de um terno de vilão, limpando os caminhos frontais e expulsando as cargas negativas que se encontravam nas esquinas. As gungas eram os chocalhos e dançar em volta do bastão estendido no asfalto era o mesmo que tentar transformá-lo em serpente.
Os Festeiros – Festeiros são pessoas participantes do congado ou adeptos do mesmo. Eles ficam responsáveis pela organização dos festejos através de donativos e novenários antes da festa – e servir lanches ou refeições para os temos e comunidade nos dias que contecem o reinado congadeiro.
A escolha dos festeiros se dá de diversas formas: Uberlândia tem as festeiras (Rainhas) e os festeiros ( Reis) escolhidos através de coroamento realizado no ano anterior. Eliane Moreira foi Rainha Festeira no ano de 1999, realizou um farto lanche para os congadeiros e decorou o ambiente de tal forma que deixou os visitantes contagiados de emoção. Na cidade de Rio Paranaiba, poucas são as pessoas que oferecem jantar ou lanches e quando o fazem é para pagar promessas. Há os que são escolhidos quando conseguem pegar uma coroa de flores atirada no meio dos prováveis candidatos a festeiros do ano seguinte.
Existe cidade em que a igreja cobra um percentual do festeiro e o mesmo precisa se responsabilizar pela guarda de dois temos principalmente vindos de longe, fomecendolhes lanche e almoço e há os festeiros que se comprometem apenas com determinados temos, dos quais fazem parte são admiradores ou cumprem algum tipo de voto; eles participam da campanha – arrecadando donativos – e contribuem tanto com indumentárias quanto com a reposição de instrumentos danificados.
Fonte: BRASILEIRO, Jeremias. Congadas de Minas Gerais. Disponível em: http://www.capoeiravadiacao.org/attachments/309_Congadas%20de%20Minas%20Gerais%20-%20Jeremias%20Brasileiro%20.pdf>. Acessado em: 25 de Novembro de 2012.
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