A cor púrpura de Alice Walker

Foto by Lu (@lidosdalu)

A cor púrpura dói.

É uma leitura que exige sangue frio. As páginas contêm assuntos horríveis que causam asco a todo o momento: a misoginia, o machismo e o preconceito racial são as peças principais dessa trama. O livro é epistolar e conta a história pela visão e Celie, que não tendo com quem conversar, escreve cartas para Deus.

De um jeito simples e inocente, Celie conta a vida que leva com o marido, situações de família, sonhos, inquietações e desejos reprimidos. O texto é tão bem escrito que nos sentimos conversando com Celie. Por vezes dá vontade de pegar a personagem para protegê-la de tantas coisas ruins que acontecem com ela.

Acreditem, Celie sofre todo tipo de maldade.

As personagens femininas deste livro são muito bem construídas. Todas têm uma força descomunal de caráter e até física. Destaco Shug Avery e Sofia, que enfrentam todo tipo de situação em busca do que querem sem perder a personalidade.

Outro ponto muito interessante é a masculinidade frágil dos homens desta história. Me fez lembrar muito outro livro da autora; ‘A terceira vida de Grange Copeland’. ‘A cor púrpura’ é de uma violência hedionda, mas não se compara com a do primeiro livro da autora. Se quiser saber mais um pouco, olha o texto que fiz duas postagens atrás.

A cor púrpura machuca do início ao fim, mas é justamente nesse fim que ele se torna gigante. É neste final que somos afagados pela autora. É nele que enxergamos uma fagulha de esperança. Recomendo fortemente essa leitura que com certeza entrou para uma das melhores que já fiz.

SINOPSE: Um dos mais importantes títulos de toda a história da literatura, inspiração para a aclamada obra cinematográfica homônima dirigida, em 1985,  por Steven Spielberg, roteiro de Menno Meyjes e Whoopi Goldberg no papel de Celie.

O livro de Alice Walker foi publicado em 1982 e, em 1983, ganhou os prêmios Pulitzer e o American Book Award.

O romance retrata a dura vida de Celie, uma mulher negra no sul dos Estados Unidos da primeira metade do século XX. Pobre e praticamente analfabeta, Celie foi abusada, física e psicologicamente, desde a infância pelo padrasto e depois pelo marido. Um universo delicado, no entanto, é construído a partir das cartas que Celie escreve e das experiências de amizade e amor, sobretudo com a inesquecível Shug Avery. Apesar da dramaticidade de seu enredo, A cor púrpura se mostra extremamente atual e nos faz refletir sobre as relações de amor, ódio e poder, em uma sociedade ainda marcada pelas desigualdades de gêneros, etnias e classes sociais.

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